Postado em 15 de Abril de 2024
A osteofitose é caracterizada pelo surgimento de osteófitos, popularmente conhecidos como bicos de papagaio, que consistem em pequenas expansões ósseas em forma de gancho que aparecem ao redor do disco da coluna vertebral, geralmente, em casos de problemas reumáticos, como é o caso da osteoartrose lombar e cervical.
Como surge o bico de papagaio
Radiograficamente, o aspecto do osteófito remete ao bico de um papagaio, vindo daí o nome popular. Alguns especialistas acreditam que o bico de papagaio possa surgir devido à desidratação do disco intervertebral, por espondilose, por pré-disposição genética, sobrecarga articular (como no caso de obesidade), devido a algum problema articular prévio (como inflamação, fratura, ruptura de ligamentos, entre outros) ou em consequência de impactos sofridos desde a infância.
Todavia, é importante salientar que a principal causa do aparecimento desta anomalia óssea é a permanência em posturas incorretas ao longo da vida, resultando em lesões nas articulações vertebrais. Destas últimas, originam-se os osteófitos, que por sua vez, causam a desidratação do disco intervertebral, fazendo com que as vértebras fiquem mais próximas uma da outra, com consequente compressão da raiz nervosa. Portanto, a dor presente na osteofitose decorre dessa compressão.
Ao passo que o indivíduo envelhece, as dores causadas pelo bico de papagaio começam a surgir. Contudo, alguns sinais já percebidos anteriormente, podem indicar a presença dessa expansão óssea. Pessoas que durante a vida não adotaram boa postura corporal, não praticaram atividades físicas e vivenciaram períodos intensos de estresse, apresentam maiores chances de desenvolver osteófitos.
Os principais fatores de risco para o bico de papagaio
Obesidade
O excesso de peso sobre o corpo ou do próprio corpo oferece um maior desgaste (além do desgaste natural provocado pelo envelhecimento) às estruturas da coluna vertebral. No primeiro caso, os danos ficam por conta do uso de determinados acessórios (bolsas, mochilas, malas, etc) e carregamento de objetos com carga excessiva e, no segundo caso, os riscos correspondem ao sobrepeso corporal: pessoas que estão acima do peso ou já são consideradas obesas.
É muito importante observar o peso que carrega dentro de acessórios, por exemplo. Procure levar somente o essencial. Praticar atividades físicas para fugir do sedentarismo e manter o peso do corpo equilibrado é também fundamental para evitar os prejuízos à coluna. Sem contar que exercícios físicos específicos ajudam ainda no fortalecimento da musculatura de sustentação da coluna, que se torna mais resistente aos impactos externos.
Envelhecimento
O bico de papagaio não é uma doença que atinge somente os idosos. O público mais jovem também pode ser acometido, mas é comum que com o envelhecimento o problema se torne mais frequente. Isso ocorre porque, ao longo dos anos, as articulações da coluna tendem a sofrer um desgaste natural e, com isso, o espaço entre as vértebras vão sofrendo progressiva redução, causando maior atrito entre essas estruturas. Os discos intervertebrais também sofrem crescente desidratação e, aos poucos, vão perdendo a total capacidade de “amortecimento” contra os impactos que a coluna sofre. As vértebras entram cada vez mais em atrito e os riscos do surgimento do bico de papagaio se tornam maiores.
Sedentarismo
O sedentarismo pode trazer impacto direto na saúde dos músculos e dos ossos, tornando estas estruturas fragilizadas, uma vez que o não uso compromete a funcionalidade. Além disso, órgãos como o coração e o cérebro também são prejudicados pelo sedentarismo.
Se você não costuma se exercitar com regularidade, saiba que seu corpo está suscetível ao surgimento de diferentes tipos de doenças, especialmente as associadas ao sistema cardiovascular. Abaixo, estão listados os problemas mais frequentes que podem surgir em decorrência do sedentarismo:
– Obesidade;
– Diabetes;
– Infarto e derrames;
– Depressão e distúrbios psicológicos;
– Pressão e colesterol alto;
– Doenças articulares;
– Asma.
Um estilo de vida sedentário também é responsável comumente pela sobrecarga articular. Quando o indivíduo não adota uma prática regular de atividade física é natural que o comportamento leve a um aumento de peso que tende a sobrecarregar as articulações da coluna. Além disso, toda a musculatura também se torna enfraquecida sem a realização de importantes exercícios de fortalecimento à região. A falta de alongamento dos músculos propicia o aumento da compressão na coluna vertebral, pois as vértebras sob tensão se aproximam bastante até se comprimirem, contribuindo para a formação do bico de papagaio. Os músculos abdominais, por exemplo, uma vez fracos, a coluna só padece. Isso acontece porque eles exercem um papel muito importante na estabilidade vertebral e, por isso, quando estão flácidos, a barriga tende a ser projetada para a frente, o que provoca tensão sobre a região lombar.
Má postura
A ausência de uma postura adequada na realização das atividades do próprio dia a dia pode contribuir significativamente para a origem do bico de papagaio. Isso acontece porque, dependendo da postura adotada durante algum movimento, a coluna vertebral pode ser exposta a impactos ou traumas que tendem a favorecer o desenvolvimento da doença.
Exemplos de posturas incorretas mais frequentes
postura-bico-de-papagaio– No uso do computador
Se você passa muitas horas em frente ao computador (seja no trabalho ou em casa) com uma postura inadequada, o surgimento de dores na coluna é questão de tempo. A dica é reduzir o tempo de uso da ferramenta e, sempre que precisar fazê-lo, observar atentamente a postura. Se você trabalha com o computador, atente para a ergonomia, ajustando corretamente a tela do computador, a altura da cadeira e da mesa e outras características necessárias à manutenção de uma boa postura.
No caso do uso de computador portátil é preciso ainda mais cuidado: é aconselhável utilizar o notebook em um suporte específico (sempre com a tela na altura dos olhos) e não sobre as pernas, por exemplo. O mesmo cuidado vale para smartphones, nunca se deve inclinar o pescoço para alcançar a tela, isso prejudica a coluna cervical. Também é importante fazer pausas durante o uso do computador para alongar a coluna, evitando os riscos de incômodos na região.
– Ao dormir
Quem nunca acordou com aquela dor nas costas ou no pescoço? O que muitas pessoas não sabem é que a posição na hora de dormir é o que faz toda a diferença. Para dormir, a melhor posição é a deitada completamente de lado, pois é possível manter a coluna mais alinhada. Nesta posição, o travesseiro deve ter a altura do ombro para que a cabeça não fique inclinada. Também é importante colocar um travesseiro entre os joelhos, manter as pernas levemente flexionadas e o quadril relaxado.
Dormir de barriga para cima não é muito aconselhável, mas se esta for a sua posição preferida, opte pelo uso de um travesseiro mais baixo sob a cabeça para não promover tensões à musculatura cervical e outro travesseiro embaixo dos joelhos para relaxar os músculos da lombar e das coxas. A posição de bruços é a mais prejudicial para dormir e mesmo que você se sinta, aparentemente, confortável nela, procure evitá-la, pois os prejuízos à coluna e a outras regiões do corpo são bem mais prováveis de surgir.
– Nas atividades domésticas
Na realização de atividades domésticas, evite trabalhar com o tronco totalmente inclinado se estiver em pé; no ato de passar roupa, a mesa deve ter uma altura suficiente para que a pessoa não se incline, outra dica é utilizar um apoio para os pés alternando-os sempre que houver algum incômodo. Para calçar os sapatos não incline o corpo até o chão, sente-se e traga o pé até o joelho. Ao se elevar um peso acima da altura da cabeça, deve-se apoiar o peso no corpo e subir em uma escada ou banquinho para depositá-lo adequadamente. Ao erguer um peso deve-se abaixar flexionando os joelhos até em baixo sem curvar a coluna, levantar-se transferindo a carga para os músculos das pernas que são mais fortes do que os da coluna, caso seja possível coloque o objeto em um carrinho e empurre.
– Ao sentar
Sentar corretamente também é muito importante para uma boa postura. Procure manter os pés apoiados no chão; coxas tocando suavemente a maior área possível do assento; evite cruzar as pernas e deixe-as ligeiramente afastadas; a coluna deve ser mantida ereta, de forma a preservar suas curvas naturais (encoste as costas completamente no sofá ou na cadeira, evitando esparramar-se). Manter a coluna ereta é sempre melhor do que deixá-la inclinada em qualquer situação. Adotar uma postura correta para sentar evita dor nas costas e sérias lesões na coluna vertebral. Quando se senta da maneira apropriada há uma distribuição uniforme das pressões sobre os discos intervertebrais e os ligamentos e os músculos trabalham em harmonia, evitando desgastes desnecessários.
Atividade física na prevenção ou durante o tratamento de doenças na coluna
Os exercícios físicos podem funcionar como importantes aliados tanto no caso de pessoas que já sofrem com doenças na coluna vertebral, quanto para aquelas que desejam prevenir o problema. Movimentos com foco no fortalecimento de determinados grupos musculares e no alongamento de outros, ajudam a melhorar a sustentação da coluna, o que, naturalmente, diminui a sobrecarga de diversas estruturas, como ligamentos e discos.
Entretanto, não existe um programa específico de exercícios para todos os pacientes acometidos por patologias na coluna, até porque não existe uma atividade padrão que possa ser aplicada indistintamente em todas as pessoas. Daí a importância de um diagnóstico preciso do paciente para tratar o problema de forma adequada.
Hábitos que ajudam na prevenção de doenças na coluna
– Adote uma alimentação saudável para evitar o sobrepeso do corpo.
– Evite o álcool e o cigarro.
– Pratique exercícios físicos, mas sob a orientação de um profissional qualificado.
– Tenha cuidado especial com sua postura no dia a dia.
– Mantenha-se bem hidratado para conservar a elasticidade e lubrificação do corpo.